Sobre introspecção e neoliberalismo

Sara Puerta
2 min readJul 3, 2021

Uma pessoa introspectiva, e não depressiva! Que sente falta de si mesma, ainda que eu passe todos os dias em minha companhia.

Quem tem um nível de introspecção crônica, e deve se lançar à sobrevivência nessa “Era de Aparências” e “EgoTrip”, tende a ficar muito mais exausto por “performar” no dia a dia, segundo o Instituto Científico baseado em mim mesma. O silêncio começa a fazer falta — e olha que estamos distantes, afastados, por conta de uma tentativa bem falha de isolamento social.

O barulho vem de todos os lados. Soma o barulho de si mesmo, ao barulho dos outros, mais um “bla bla bla” alheio, que se parece com expectativa, vira um furdunço, um espiral na minha cabeça meio que fechada.Tem horas que não consigo e nem quero acompanhar,

Eu pratico há algum tempo a modalidade “isolamento antissocial” e demorei anos para entender que eu precisava dele, sem precisar dar desculpas ou ter culpa. E veio a maternidade. E olhando bem, reparando bem, meu filho de 5 anos, com energia inesgotável de uma curiosidade enorme do mundo, é o que menos me confunde — o barulho de uma criança é legítimo!

Mas, o que sinto nos últimos meses é que o barulho e a bagunça vem de uma aparente resposta à sociedade: “se estou seguindo a dieta, me exercitando, se já cheguei ao peso ideal”. “Se sou uma boa profissional , reconhecida e bem sucedida”. “ Se minha vida tá boa, mesmo na pandemia”. Achei que eu, na minha “blasésessice”, com 40 anos na cara, tivesse imunidade ao mundo, mas não tenho. Culpa do neoliberalismo que se infiltra no estilo de vida de qualquer ser humano e começa a criar métricas para ter destaque.

E, voltando à introspecção ( essa, é só para quem é!), cansa demais tentar ser destaque. Na exaustão, nem tenho forças ou tempo, para arrumar a bagunça e escolher, o que é meu mesmo, e não das “expectativas neoliberais”.

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Sara Puerta

Nem tudo é sobre mim. Mas tem muito do que eu vejo.