Elvis morre no final

Sara Puerta
2 min readJul 21, 2022
  • título escolhido para não dar spoiler nenhum, a partir da minha surpresa na cinebiografia do cantor.

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Elvis não morreu — ele queria ir embora.

A cinebiografia de Baz Luhrmann, Elvis, conta a história do cantor que mais vendeu discos em toda a história, e que 45 anos depois de morto ainda é muita referência.

Para os fãs ou aqueles com uma memória afetiva do cantor, e que esperavam uma celebração da sua obra, com muitas apresentações emocionadas, talvez a narrativa escolhida para o filme seja uma experiência frustrante. Ela vai mais fundo e mostra uma face de tristeza no “Rei”.

Aliás, são aquelas apresentações famosas, que fazem a alegria das minhas tias, com roupas justas, de lantejoula e danças intensas, que sejam uma das causas da sua autodestruição e que o matou aos 42 anos.

A repetição delas, sem de fato querer continuar, a sensação de estar preso no mesmo show, com a mesma plateia, mesma música, sem conseguir sair, por um série de acontecimentos, muitas mancadas dos envolvidos e -uma certa dose de ingenuidade - pesou.

Ao que tudo indica, Elvis queria mais do que aquilo. Ele foi criado no meio da galera dos Spirituals, tinha coisas a dizer, passou de uma novidade a algo totalmente previsível, sem conseguir ou ter forças para se reinventar. Novamente: preso. E em um roupa de couro, cada vez mais apertada.

E aí que a sociedade doente, desde sempre, tem receita para resolver os incômodos, ainda mais quando eles tem que ser adormecidos para seguir sendo lucro.

Surgem no caminho do músico pílulas mágicas que fazem suportar, deixar as coisas um pouco mais coloridas e mais energia(quem nunca?)…mas aí o corpinho não aguenta, ainda mais quando a cabeça não quer mais.

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Sara Puerta

Nem tudo é sobre mim. Mas tem muito do que eu vejo.